Pastor Marcos de Almeida
Na cultura medieval, a morte era um julgamento que colocava o ser humano face a face com um Deus santo e irado. Daí as diversas tentativas em aliviar a culpa que pesava na alma das pessoas. Haviam campanhas onde se viajava de cidade em cidade açoitando-se publicamente. Criam ser possível expiar os pecados próprios e da nação.
A igreja criou um sistema de penitências pelas quais a pessoa entendia poder estar diante de Deus: Indulgências, peregrinações, relíquias, veneração dos santos, rosário, dia de festa, adoração à hóstia sagrada, repetida reza do “Pai Nosso“. A pressão para se purificar de todo pecado colocava um peso insuportável sobre o penitente. Depois de confessar era preciso fazer obras de reparação antes que a absolvição pudesse ser solicitada. A salvação só seria possível se as pessoas cumprissem essas penitências e comprassem as indulgências, que eram documentos que garantiam perdão dos pecados e um lugar certo no paraíso celestial.
O medo era o recurso da igreja para arrecadar dinheiro. Ensinavam que Cristo, o Juiz, estava no topo da catedral, levando os redimidos para o paraíso. Os amaldiçoados eram transportados acorrentados por demônios até o inferno. Em 1484, dois inquisidores lideraram o extermínio da bruxaria. Por volta de 30.000 mulheres pobres, velhas e desprotegidas foram executadas até o final do século XVI.
A desconfiança na identidade e autoridade da igreja cresceu e, em 31/10/1517 veio a crise: um vendedor de indulgências chega perto da cidade de Wittenberg, Alemanha, com a mensagem: ‘Tão logo a moeda no cofre soa, uma alma do purgatório voa’. Martinho Lutero protestou contra crenças e práticas abusivas da Igreja Católica Romana e fixou 95 teses na porta de sua igreja local.
Depois de meditar dia e noite, Lutero ouviu o contexto das palavras: ‘A justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.’ (Rm 1.17). Entendeu que pela justiça de Deus o justo vive por uma dádiva de Deus, ou seja, pela fé. A justiça de Deus é revelada pelo evangelho, com a qual o Deus misericordioso nos justifica pela fé.
O que iniciou com Lutero, foi seguido por Melanchton, Zwinglio, Calvino e João Knox. A reforma protestante foi o movimento que chamou as pessoas para a liberdade, mas também o retorna às Escrituras Sagradas e a boa teologia dos pais da Igreja. A salvação passou a ser entendida como individual e não mais coletiva. A Bíblia pode ser lida por qualquer pessoa, depois que Lutero a traduziu para o alemão.
O pensamento e influência dos reformadores podem ser resumidos em cinco lemas na língua latina: Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Chritus e Soli Deo Glória.